Dia 14 - Nomes, frades, viúvas e mistério


O D. não era portador do material necessário para aula, havia que tomar providências e não hesitei. Ainda não sei ao certo quantos D. tenho ao todo. É um nome bíblico e corriqueiro. (Que escolha de adjectivos! Que deus me perdoe.) 
Como dizia, há D. nas minhas turmas até perder de vista, e se a competência está em mim, a justiça é outro dos ingredientes que enforma esta professora que vos fala. Quis logo assegurar-me de que não ia marcar uma falta de material a um D. que, muito acertadamente, trouxera tudo o que era necessário. Então, perspicazmente, perguntei, e prestem todos atenção:
- D., diz lá como é que te chamas - enquanto, de caderno em punho e lápis em riste me aprontava para apontar o delito do jovem incumpridor. 
A turma gargalhou entredentes, ao que, ignorando a triste figura que estava a fazer, a questionei:
- Estão a gargalhar entredentes porquê?
E um jovem, com ar bem disposto, de dedo no ar, tentou explicar-me, mas cortei-lhe ali o pio, que eu cá não gosto de explicações bem dispostas.
A tarde também foi proveitosa, e perguntou o A.P.:
- Oh pressora, o que é que é um frade?
Fui atropelada pelo A., que se apressou a esclarecer:
- É frada!
Sim, bem sei que a resposta nada tem a ver com a pergunta, mas o A. nem se apercebeu e vai daí, a C., mais atenta, elucidou-nos a todos:
- Não, parvo, é aquelas mulheres que ficam sem marido.
A minha expressão parada mexeu com a C., que com um sorriso rasgado, mas com o seu quê de timidez, me disse:
- Não é, pois não, pressora?
Não é, não, C.,respondi, enquanto tentava perceber a associação que ela fizera para chegar a uma resposta tão brilhante. Não consegui.

O mistério anda à solta na sala de professores. E mais não digo.
Por hoje.


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